A Ilha Tiberina, ou Isola Tiberina, como é chamada em italiano é, como o nome sugere, uma ilha no rio Tibre. Ela teve grande importância no período arcaico porque facilitava a travessia do rio e, assim, assegurava a continuidade das linhas de comunicação que ligavam a costa do Tirreno ao Tibre. A ilha foi, portanto, um ponto estratégico e, como tal, foi uma das causas que deram origem à cidade de Roma.
Enfim, hoje a Ilha Tiberina é uma atração interessante em Roma. E uma maneira muito divertida de descobrí-la é através de um passeio guiado em português. Juntamente com um guia experiente, você poderá conhecer de perto este lugar fascinante. Mas enquanto esse dia não chega, vamos conhecer um pouco mais sobre a ilha do Rio Tibre?
É plana e alongada
A Ilha Tiberina tem a forma de um barco e suas dimensões são de quase 300 x 80m. Sua origem na antiguidade foi atribuída ao acúmulo de lama nos feixes de grãos que os Tarquínios jogaram no rio após serem expulsos de Roma.
Mas existe também uma lenda curiosa que diz que a ilha se originou onde os romanos jogaram o corpo do rei Tarquínio Superbus, o último rei de Roma, assassinado em 509 a.C.
A Ilha Tiberina foi consagrada a Esculápio
O culto ao deus iniciou em Roma por volta de 291 a.C. Diz a lenda que uma praga estava devastando a cidade, e os romanos viajaram para a Grécia para implorar a Esculápio, em seu templo de Epidauro, uma solução para a praga. Uma cobra desceu do templo, e mais tarde embarcou no navio romano. A cobra só desembarcou na ilha, indicando o local de onde Esculápio protegeria a cidade. Assim, em 289 a.C foi-lhe dedicado um templo, onde atualmente se ergue a igreja de São Bartolomeu.
Embora o templo de Esculápio não exista mais, você ainda encontrará uma cobra em volta de um bastão esculpida. Trata-se do Bastão de Esculápio, o símbolo da medicina até hoje.
Enfim, a ilha não perdeu sua tradição de saúde com a chegada do cristianismo. De fato, até hoje, lá funciona um dos hospitais romanos mais conhecidos.
A ponte mais antiga de Roma fica na Ilha Tiberina
A Ilha Tiberina está ligada ao continente desde os tempos antigos e tem duas pontes. Aquela que liga a margem esquerda do rio é a Ponte Fabrício, construída em 62 a.C. Incrivelmente ela sobreviveu intacta até hoje e é a ponte mais antiga de Roma. Esta ponte liga a ilha ao centro antigo de Roma. No que é hoje o bairro judeu, que costumava ser o Campus Martius, você pode caminhar facilmente até o outro lado do rio. Este bairro judeu está localizado ao sul do Monte Capitolino, ou Campidoglio.
A ponte é composta por dois arcos largos de travertino e um arco menor que se abre para o pilar médio. Em ambas as frentes existem grandes inscrições, com o nome do construtor.
O milagre do afresco
Depois da ponte, à direita, está o Hospital Fatebenefratelli, construído em 1548 e reformado por Bazzani em 1930. Anexo a ele se encontra a igreja de San Giovanni Calibita, cujas reformas radicais em seu interior a transformaram numa das melhores igrejas do século XVIII.
Mas para completar a descrição da igreja, não podemos esquecer o afresco hierático da famosa Madonna della Lampada, do século XIV. Originalmente, essa imagem estava do lado de fora, tanto que, em 1557, durante uma enchente que destruiu a fachada da igreja de San Bartolomeu, a água submergiu o afresco, mas sua lâmpada continuou prodigiosamente acesa.
Mas em 9 de julho de 1796 ocorreu outro evento marcante. Neste dia, os fiéis, reunidos para a habitual oração de sábado das ladainhas do Rosário, viram que a Virgem mexia os olhos. O evento se repetiu outras vezes, e diante de muitas testemunhas, durou até o primeiro domingo de outubro.
A coluna infame
A forma de um navio da ilha é realçada pela presença de uma proa, uma popa e, na antiguidade, existia também um mastro como obelisco. Depois de destruída, foi substituída por uma coluna com uma cruz que ficou famosa com o tempo como a “coluna infame”. Este nome deveu-se ao seu uso: no dia 24 de agosto de cada ano, era afixada uma lista de nomes de pessoas que não podiam participar da missa eucarística. Essas pessoas eram sujeitos de moral questionável, bandidos e, em geral, em franco conflito com a Igreja, ou que não seguiam os preceitos pascais.
Mas a infame coluna teve um final ruim: diz-se que em meados de 1800, uma carroça bateu contra ela causando sua quebra. Difícil dizer se foi um erro ou um ato voluntário. Hoje existe um monumento encomendado pelo Papa Pio IX (1869), representando os santos queridos da ilha: São Bartolomeo, São Paolino da Nola, São Francesco d’Assisi e São Giovanni di Dio.
Monumentos medievais e a igreja de São Bartolomeu
À esquerda da Ilha Tiberina fica a torre medieval do Caetani, as ruínas de um antigo castelo e, mais adiante, uma praça pitoresca. E é nesta praça que se encontra a igreja de São Bartolomeu Apóstolo. Ela foi erguida no final do século X pelo imperador germânico Otto III, por cima das ruínas do templo de Esculápio. A igreja é dedicada a Santo Adalberto.
Destruída por uma grande enchente do rio em 1557, foi erguida novamente em 1624 por Orazio Torriani com fachada barroca. Mais atrás, à esquerda, destaca-se a torre sineira românica do século XII.
O interior se divide em três naves com quatorze colunas antigas e três capelas de cada lado. Se Destaca a decoração do teto – trabalhado com caixotões, com algumas pinturas de 1865 – e da segunda capela à direita, com afrescos e um retábulo de Carracci, do s. XVII. Sob o altar são veneradas as relíquias do Apóstolo São Bartolomeu.
Saindo da igreja, chega-se à ponte do Cestio, que liga a ilha à margem direita do rio, erguido no s. I a.C., foi restaurado em 370 pelos imperadores Valentiniano, Valente e Graziano, e mais tarde em 1892, com o material original.
Olhando para a esquerda, você pode ver a Ponte Quebrada, concluída em 142 a.C. Foi a primeira ponte de Roma a ser construída com estruturas de madeira, arcadas de tijolo e cimento.
Como chegar à Ilha Tiberina
Por lá passa o ônibus H, Estação de Termini – Piazza Monte Savello. Mas também é possível chegar lá a pé desde a área do Coliseu, ou desde Trastevere!