Como visitar a Necrópole Vaticana e o Túmulo de São Pedro

A Necrópole Vaticana é um lugar pouco conhecido, mas que tem uma história milenar. Além disso, carrega consigo uma informação que se manteve secreta por séculos: o lugar do túmulo de São Pedro. Mas o melhor de tudo é que você pode visitar esse lugar com um passeio guiado em português!

O tour guiado na Necrópole Vaticana dura 90 minutos e leva os visitantes aos níveis mais baixos da Basílica de São Pedro. Mas atenção, esta não é a área da “gruta” logo abaixo da Basílica, onde estão localizados os túmulos de antigos papas. A Necrópole Vaticana é outro lugar, completamente diferente.

As origens da Necrópole Vaticana

Antes de mais nada, na época do Império Romano, a Colina Vaticana ficava fora dos limites da cidade. Era, portanto, um bom lugar para enterrar os mortos. Foi então, que começaram a colocar ali as primeiras tumbas.

No século I d.C., o Circo de Nero, um dos imperadores romano que perseguiu muitos cristãos, também ficava nessa área. E foi justamente nesse lugar que São Pedro fora martirizado e crucificado. A tradição diz que ele foi crucificado de cabeça para baixo, porque não se considerava digno para morrer da mesma forma que Jesus.

O corpo de São Pedro foi, então, levado pelos discípulos para fora da arena e enterrado na área onde já haviam alguns túmulos. Logo, porém, um pequeno monumento foi erguido no túmulo para que os peregrinos pudessem reconhecer o local sagrado.

Durante os séculos II e III, pessoas ricas e pagãs também começaram a enterrar seus parentes e escravos lá. Nesse período, sobre o túmulo de São Pedro, erguera-se o “Troféu de Gaio”.

Posteriormente, o imperador Constantino ergueu a primeira basílica, chamada Constantiniana, e construiu sobre o túmulo de São Pedro o altar. Esta primitiva basílica serviria até ao século XVI.

Troféu de Gaio na Necrópole Vaticana
Foto do troféu de Gaio. Foto: Fabbrica Vaticana.

O túmulo de São Pedro

Quando Basílica Constantiniana foi substituída pela atual Basílica de São Pedro, cuja construção terminou em 1626, os detalhes sobre o local de sepultamento do apóstolo tinham caído no esquecimento. Na verdade, sabia-se que o túmulo do santo estava ali, mas não o local exato.

Em 1939, as obras na gruta do subsolo da Basílica para construir o túmulo do Papa Pio XI levaram a uma escavação arqueológica. E foi assim que, de 1940 a 1949, os arqueólogos do Vaticano descobriram uma necrópole romana, repleta de túmulos bem preservados. Era apenas uma parte de uma enorme área funerária da qual outras peças foram encontradas em escavações mais recentes no Vaticano. Mas a grande surpresa é, que logo abaixo do altar da Basílica de São Pedro, havia um pequeno monumento do século II.

E não havia dúvida. Aquele era o “monumento à vitória”, o “troféu” mencionado em uma carta de um sacerdote romano chamado Gaio. Discutindo com aqueles que se gabavam de ter o túmulo do apóstolo Filipe em Ierápolis na Ásia Menor, Gaio respondeu: ““Eu posso mostrar os troféus (tà tròpaia) dos apóstolos: se vais, de fato, à Colina Vaticana ou à Via Ostiense, encontrarás os troféus daqueles que fundaram esta Igreja”. A carta foi relatada no livro História Eclesiástica, de Eusébio de Cesaréia.

O mistério das relíquias

Mas todas essas descobertas eram sobre o túmulo, não sobre as relíquias de São Pedro. Haviam encontrado o monumento, mas não havia sinal dos restos mortais do santo.

Depois de passar vários anos estudando graffiti cristão na área do túmulo de São Pedro, a epigrafista Margherita Guarducci anunciou que identificara os ossos do apóstolo. Um trabalhador, que participara das escavações, teria mostrado a ela, no armazém da escavação, um conjunto de ossos que teriam sido retirados, sem o conhecimento dos arqueólogos, e depois esquecidos. Estes seriam ossos pertencentes a um único indivíduo do sexo masculino, alto, e envoltos no que havia sido um tecido precioso.

Surpreendentemente, o Papa Paulo VI anunciou: “Foram realizadas investigações novas, muito pacientes e muito precisas com o resultado que nós, confortados pelo julgamento de pessoas competentes, capazes e prudentes, acreditamos positivo: as relíquias de São Pedro também foram identificadas de uma forma que podemos considerar convincente”.

 

A visita à Necrópole Vaticana

Antes de tudo, saiba que a visita é guiada. Não se pode passear livremente pela Necrópole Vaticana.

As escavações abertas ao público incluem vários mausoléus. Entre eles estão os túmulos de plebeus ricos, com elementos decorativos e placas de mármore que lembram o nome da família. Não se deve esquecer que esta necrópole experimentou a transição do paganismo para o cristianismo, razão pela qual encontraremos a iconografia pagã, especialmente com referência a Apolo.

Em síntese, a visita consistirá num percurso em que se passa por cada mausoléu, que se comunicam entre si por um corredor central, até chegar a um local conhecido como ponto “P”.

O ponto “P” fica sob o altar papal da atual basílica e é uma pequena área onde encontram-se fragmentos com as relíquias de São Pedro. Ao seu lado, há uma inscrição em grego datada do ano 160 que diz “Petro Eni”, ou seja “Pedro está aqui”.

 

Como reservar o tour na Necrópole Vaticana

Como você pode visitar esta área sagrada e reverenciada? É preciso planejar com antecedência, pois o Vaticano só permite que cerca de 250 pessoas por dia visitem a necrópole. E a única maneira de visitá-la é com um tour guiado organizado pelo Ufficio Scavi do Vaticano.

A visita dura 1 hora e meia e acontece em pequenos grupos do mesmo idioma. É possível fazer o tour em diversas línguas, inclusive em português. Por isso, se você deseja fazer o tour comigo, indique no pedido que quer fazer o tour com Edna Costa.

O processo de marcação de visita tem as suas particularidades, mas é bastante simples.

  1. Você terá que enviar um e-mail para scavi@fsp.va ou preencher o formulário no site oficial.
  2.  No seu pedido, indique o número e os nomes dos visitantes, a língua de preferência, as possíveis datas em que você está disponível para o passeio e o endereço de e-mail. Informar mais de uma data ajudará a aumentar suas chances. Escreva a data por extenso.
  3. A resposta chegará no seu e-mail e indicará o dia e a hora exatos. Caso não receba resposta, verifique na caixa de spam.
  4. O valor da visita é de 13 euros.

Obs: Será o Ufficio Scavi que irá determinar a data e horário do seu tour, de acordo com o período informado no e-mail. Por isso, não se esqueça de informar as datas exatas da sua estadia em Roma. Note também que o acesso a menores de 15 anos é proibido e a visita não é recomendada para pessoas que sofrem de claustrofobia ou patologias agravadas pela umidade.

 

Outras dicas

  • Esteja lá cedo. No dia do seu tour, chegue pelo menos 15 minutos antes do horário marcado.
  • A entrada do Escritório das Escavações (Ufficio Scavi) se dá pela colunata à esquerda da Basílica de São Pedro. Você tem que passar por um guarda suíço e eles podem lhe mostrar o caminho para o escritório de escavações. Não se intimide, e caso tenha dúvidas, pergunte.
  • Vista-se em modo adequado. Por exemplo, as mulheres devem vestir calças ou saias compridas, blusas sem decote e ter os ombros cobertos. Os homens devem vestir calças.
  • Não é possível fotografar, filmar ou gravar áudios na Necrópole Vaticana. Por isso, todas as imagens que usamos nesse artigo são de fontes externas.

 

E que tal aproveitar e fazer um passeio em Roma privativo em português? Conheça nossas opções de tours!

2 comentários em “Como visitar a Necrópole Vaticana e o Túmulo de São Pedro”

  1. Ana Maria Pincitori

    Boa noite Edna Costa,consigo fazer a visitação dia 15 de agosto ?(são 2 pessoas). Aguardo sua resposta e se for possível o valor .Obrigada

    1. Olá Ana,
      Dia 15 de agosto é feriado e não acontecem visitas nessas datas. Para verificar valores e disponibilidade, sugiro que entre em contato diretamente com a Necropole Vaticana, seguindo as explicações que deixei no texto.
      Se precisar de outros passeios guiados em Roma, poderá contar com nossos serviços.

      Atenciosamente,

      Edna Costa

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